AURÉLIA MAGALHÃES DE OLIVEIRA SOUZA
REFERÊNCIA: Magalhães de Oliveira Souza, Aurélia Atribuições dos professores-pesquisadores na Universidade Federal de Goiás/Regional Jataí: trabalho docente ou doente? [manuscrito] / Aurélia Magalhães de Oliveira Souza. - 2018. cxxxiii, 133 f.
AUTOR: AURÉLIA MAGALHÃES DE OLIVEIRA SOUZA
TÍTULO: ATRIBUIÇÕES DOS PROFESSORES-PESQUISADORES NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS/REGIONAL JATAÍ:
Trabalho docente ou doente?
ORIENTADOR: Dr. Ari Raimann
DATA DE DEFESA: 21/03/2018
RESUMO:
O professor nunca foi um profissional muito valorizado na sociedade brasileira no decorrer da história educacional, ainda mais com a precarização que assolou a profissão docente em meados do século XX e, principalmente, a partir da década de 1990, com o fortalecimento do neoliberalismo, que trouxe uma intensificação extrema sobre suas atividades e sua vida. Especificamente os professores-pesquisadores, que nesta pesquisa são aqueles que acumulam atividades em curso de graduação e em Programa de pós-graduação stricto sensu concomitantemente, e que normalmente encontram-se submetidos à “armadilha” do produtivismo para conseguir reconhecimento e financiamentos. Diante disso, o tema desta dissertação abrange as mediações, aparentes ou não, que estabelecem entre a intensificação do trabalho do professor-pesquisador e o seu adoecimento. O objetivo principal constituiu em investigar se, e como, o quadro conflituoso que surgiu interfere na saúde dos professores-pesquisadores da Universidade Federal de Goiás/Regional Jataí (UFG/REJ). Foi realizada uma pesquisa empírica qualitativa, no primeiro semestre de 2017, com quinze docentes que atendem aos critérios estabelecidos no trabalho e os dados obtidos foram discutidos com base nos pressupostos do materialismo histórico e dialético numa perspectiva que busca esclarecer o quanto a compreensão da categoria trabalho é essencial para que o homem se torne um ser humano emancipado da alienação cega que recai sobre seus ombros. Porém, na sociedade capitalista, o trabalho humano, isto é, sua atividade vital, é convertido em mercadoria e vendido como força de trabalho necessária para sobreviver, situação que leva, inevitavelmente, à alienação do trabalhador no processo de trabalho e na relação com o produto de sua atividade. Para promover a análise, foram utilizados autores que têm o olhar crítico e que também se apoiam no materialismo histórico e dialético formulado por K. Marx e F. Engels, no século XIX, como: G. Lukács, I. Mészáros, D. Saviani, G. Frigotto, N. Duarte, V. Sguissardi e J. Silva Júnior. Como principais discussões resultantes dessa pesquisa é importante ressaltar que a maioria dos entrevistados sabem que extrapolam suas cargas horárias, ficam distantes de seus familiares e amigos, mas não se veem desvencilhados da intensidade de atividades docentes a que estão submetidos, afinal é por meio de produções, pesquisas e publicações que competem por melhores financiamentos para novas pesquisas. Como consequência, foi possível perceber que a maior parte está ou já esteve adoecida de alguma maneira, e um aspecto que chamou a atenção foi a necessidade em recorrer à bebida alcoólica, aos medicamentos ou mesmo à uma maior intensificação das atividades docentes como recurso para lidar com essa situação, o que decisivamente afeta cada vez mais sua saúde mental e física. Tentar entender as contradições que constituem as motivações e justificativas dadas para se manter no “jogo” que intensifica o trabalho docente, é o propósito da pesquisa. Essa dissertação foi desenvolvida na Linha de Pesquisa Políticas Educacionais, Gestão e Formação de Professores.