JOSÉ MARCOS QUINTINO DA SILVA

AUTOR: JOSÉ MARCOS QUINTINO DA SILVA

TÍTULO: ESCOLARIZAÇÃO DE GÊNEROS ARGUMENTATIVOS DA ESFERA JORNALÍSTICA EM COLEÇÕES DE LIVROS DIDÁTICOS DE PORTUGUÊS NAS ATIVIDADES DE PRODUÇÃO DE TEXTO ESCRITO

ORIENTADOR: Prof.  Silvio Ribeiro da Silva

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Educação

LINHA DE PESQUISA: Educação e Linguagem

DATA DE DEFESA: 11/06/2018

 

RESUMO:

Esta Dissertação de Mestrado, resultado de uma pesquisa em Educação, está situada na linha de pesquisa Educação e Linguagem. Tem por objetivo analisar a escolarização dos gêneros jornalísticos argumentativos na seção Produção de texto (escrito) em duas coleções de livros didáticos de Língua Portuguesa (LDP) do Ensino Fundamental II. A primeira coleção é Português Linguagens, de William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães, Editora Saraiva. A segunda coleção é Vontade de Saber Português, de Rosemeire Aparecida Alves Tavares e Tatiane Brugnerotto, Editora FTD. Para a análise, utilizo quatro grupos de categorias: a) Dimensões dos gêneros do discurso; b) Estrutura do argumento; c) Capacidades de linguagem dominantes no aspecto tipológico argumentar; d) Tipos de adesão de um argumento. Considero o primeiro grupo de categorias mencionado as dimensões ensináveis essenciais de todo enunciado, e os três últimos grupos dimensões ensináveis essenciais do texto argumentativo. Entendo que, ao serem escolarizados, os gêneros passam por alterações. Isso porque, por este processo (escolarização), eles são deslocados da sua esfera de origem e adaptados à esfera escolar. Assim, uma vez escolarizados, os gêneros não são mais os mesmos que eram na esfera onde surgiram. Uma maneira de limitar o impacto da escolarização nos gêneros é escolarizá-los vinculados com as práticas socais onde eles surgem e circulam. Esta pesquisa, caracterizada como análise de conteúdo de cunho quanti-quali-interpretativista, foi realizada na perspectiva do paradigma indiciário. A concepção de linguagem adotada foi o dialogismo de Bakhtin/Volochínov ([1929]2009), bem como sua concepção sociointeracionista de gêneros do discurso (BAKHTIN [1952-53]2011). Dentre outros autores, utilizo também Perelman & Olbrechts-Tyteca ([1958]1996), Toulmin ([1958]2001), porque trazem uma concepção de argumentação bastante coerente com a concepção de linguagem assumida nesta pesquisa; Dolz e Schneuwly ([1996]2010), porque estão entre os grandes responsáveis pela aplicação da teoria dos gêneros aos propósitos didáticos; Chevallard (1995), por sua contribuição ímpar na reflexão a respeito da transposição dos saberes do meio acadêmico para o escolar; Soares (2004), porque discute o conceito de escolarização e seus efeitos. Os dados mostram que todas as categorias foram contempladas pelas duas coleções analisadas. Porém, houve significativa discrepância quantitativa e qualitativa entre aquelas, o que revela uma possível necessidade de rever a escolarização. Considero isso preocupante, pois, segundo Perelman e Olbrechts-Tyteca ([1958]1996), sem a capacidade de argumentar diante de uma controvérsia a única alternativa que resta para conseguir a adesão do interlocutor a um ponto de vista é recorrer à violência.

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